13 de Abril de 1989<br>– Morre D. António Ferreira Gomes

«De jo­e­lhos di­ante de Deus, de pé di­ante dos ho­mens» e «Fostes res­ga­tados por grande preço, não quei­rais tornar-vos servos dos ho­mens» são duas má­ximas de D. An­tónio Fer­reira Gomes, bispo do Porto entre 1952 e 1982, e uma fi­gura em­ble­má­tica da se­gunda me­tade do sé­culo XX. De­fensor da De­cla­ração Uni­versal dos Di­reitos do Homem, pro­cla­mada em 1948, sempre con­viveu mal com a di­ta­dura fas­cista de Sa­lazar. A se­guir à cam­panha do Ge­neral Hum­berto Del­gado para a Pre­si­dência da Re­pú­blica e à fraude elei­toral mon­tada pelo re­gime, tornou-se co­nhe­cido o 'pró-me­mó­ria' en­viado pelo bispo a Sa­lazar a an­te­ceder um en­contro com o então Pre­si­dente do Con­selho. No do­cu­mento, co­nhe­cido er­ra­da­mente como Carta a Sa­lazar (13 de Julho de 1958), pro­punha para de­bate temas como a equi­dade e jus­tiça so­cial, o di­reito à greve, o sin­di­ca­lismo livre e não tu­te­lado pelo Es­tado cor­po­ra­tivo e a livre cri­ação de par­tidos. Sa­lazar não perdoa o de­sa­foro e o bispo é con­de­nado ofi­ci­o­sa­mente ao exílio. Re­gressa a Por­tugal em 1969, nunca dei­xando de ser uma fi­gura po­lé­mica e in­có­moda.